domingo, abril 03, 2005

 

 

Karol Wojtyla - O Peregrino da Paz

Neste que é um espaço onde o surf está sempre explicita ou implicitamente presente, deixo aqui um texto de homenagem a um dos meus ídolos falecido ontem. O Papa João Paulo II, o Peregrino da Paz, um homem com um espirito de peregrinação, um homem que viajou pelos quatro cantos do mundo, e já que falamos de surf, um homem que em muito se assemelhava ao comum soul surfer, naquela profunda, quase transcendente, vontade de viajar e estar junto daquilo por que vive...


Um homem, um sacerdote, um mistico, poeta e filósofo... muito se disse deste homem a quem muitos chamam Santo. Ninguém deixou indiferente com o seu carisma, a sua devoção e preserverança. Um exemplo de coragem e lucidez, independentemente de algumas opiniões mais conservadoras, ele foi um homem de Paz, um homem que sempre defendeu a vida e o amor, a paz e a fraternidade entre os povos. Um homem que, mesmo em dificuldades físicas, não hesitou em estar perto dos seus seguidores, e mesmo de todos aqueles que não compartilhavam as suas ideias (religiosas, filosóficas ou políticas). Foi um Papa que muito viajou, não se limitando em, do alto do seu "trono" governar desinteressadamente uma instituição secular e primordial na história da civilização. Este Papa foi um homem do povo, que nunca temeu envolver-se com a multidão e que sempre teve um espirito de peregrinação imenso. Foi um homem que pregou a Paz por todos os cantos do mundo... e daí a designação que, para mim, melhor lhe assenta: o Peregrino da Paz.

Ontem às 21:37 (hora de Roma), o Papa despediu-se de todos nós quero crer, em profunda tranquilidade, e mais uma vez mostrou ao mundo a sua preserverança e espírito lutador: mesmo na hora da morte a lucidez foi sua companheira. Uma alma jovem, num corpo velho - eis a razão da sua morte... sim, porque o Papa era um homem como qualquer um de nós, e não estivesse ele sujeito às leis universais da vida e da morte terrena, certamente continuaria vivo e a impressionar-nos com a sua extrema sabedoria.

Nunca fui uma pessoa de profunda devoção, apesar de ter formação católica e apesar de não acreditar no acaso, olhando Deus como uma força superior fora das doutrinas religiosas vigentes e demasiado obtusas, criadas pelo imperfeccionismo da mente humana. Doutrinas essas, que em várias religiões travaram mais o encontro com Deus do que o fomentaram. Daria pano para mangas, mas queria-me concentrar apenas num ponto: o Santo Padre.
Sempre houve duas mentes com as quais teria um enorme prazer em privar de perto, duas mentes profundamente místicas e espirituais e que muito me fascinam há longos anos: eram elas o Dalai Lama e o Papa João Paulo II. Porquê? Sinceramente, ao olhar estes dois homens a minha mente e a consciência do meu ser limita-se a admitir a sua pequenez e a olhá-los como dois mestres, dois sábios que em muito têm ajudado a Humanidade na sua busca, mais do que por uma verdade absoluta, por uma consciência colectiva ampla e assente em ideais de solidariedade, pacifismo e amor pelo próximo. Neste particular, o Papa sempre foi um ídolo, não pelo que representa na Igreja, mas sim pelo que representa como ser humano - um exemplo do que de melhor tem o coração dos Homens!

Em suma, e não me querendo alongar muito mais, presto aqui homenagem a um dos homens que mais admiro e admirei ao longo destes meus 21 anos de vida. É uma perda irreparável acima de tudo, para a Humanidade. Este senhor era insubstituível, e certamente terá um lugar priviligeado na história da Humanidade. A sua morte em muito entristece os corações, especialmente dos crentes e devotos, mas também daqueles que como eu, lhe acharam uma sabedoria imensa e uma mente brilhante do século XX e XXI. A sua morte é precedida de 10 anos de sofrimento, com um agravamento do seu estado de saúde nos ultimos meses, um sofrimento que ele aceitou sempre com uma lucidez e uma coragem espantosas levando até ao fim, a sua missão, com a qual se comprometeu com os seus fieis. Independentemente das opiniões acerca da sua resignação, este homem foi um lutador contra a sua doença e um lutador pela Paz, não podendo nós, deixar de lamentar todo este sofrimento. Assim, não só é uma noticia triste, a morte de João Paulo II, mas é também o tão esperado término do seu sofrimento e da sua agonia. Por isso, estes devem ser dias de profundo pesar pela sua morte, mas também de profundo alivio por sabermos que neste momento este homem não sofre e que, se alguma coisa existe para além da morte, certamente ele descansa finalmente em paz e harmonia nesse local.

Karol Wojtyla descansa em Paz
Comments:
Uma homenagem lindíssima num blog muito giro. Parabéns pelo texto.
Bj*****
 
De facto é mais uma perda para a humanidade. Uma tremenda fonte de coragem.Um Mestre que nos deixa um vasto "curriculo" de onde podemos tirar bons valores a seguir.
Onde quer que esteja um obrigado!

Pavao
 
welcome back! :)
 
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