sexta-feira, março 03, 2006

 

 

A jornada...


- Ok, 7 da matina... encontramo-nos no parque do Intermarché!! Fica bem!
Desliga-se o telefone. Um friozinho sobe-me pelo corpo acima até me levantar os cabelos. Sete da manhã? Évora...Costa da Caparica? Os ultimos dias têm sido frios e carregados de sedentarismo extremo, os neurónios dentro da minha caixa craniana andam mais letargicos que nunca! Sete da manhã não seria um bom começo...

Dia seguinte... Évora, 7 da manhã. As luzes dos candeeiros que alumiavam aquele parque deserto ainda se sentiam acesas, lembrando noites passadas há alguns anos atrás, a andar de skate naquele mesmo local, quando aquilo ainda era um hipermercado a sério... Bom, agora era apenas eu e o meu chaço, quando o dia ainda se chamava alvorada.
O vento soprava, tirano e ameaçador!!
- Com este vento, não sei se vamos ter ondas, pa! - dizia-me o Puto P.
Apesar de naturalmente optimista, concordara mais por letargia que por qualquer outra coisa.

O dia nasceu na estrada, o trânsito infernal de Lisboa espevitou-nos a alma, e aqueles banquinhos aquecidos eram bestiais, o Puto P havia feito uma boa compra!! Deveras... Évora-Lisboa por autoestrada, a diesel e em grande estilo!! Era tempo de atravessar a a ponte de aço vermelho e seguir até à Damaia... é que nem todos vêm armados de casa e ele havia deixado a sua "arma" na casa dos tempos da faculdade. Devidamente equipados e preparados para o mar, saímos daquele promontório rodeado de prédios altos e todos iguais, tentámos ainda perceber a direcção do vento, mas quem é que consegue fazer isto no meio de tanto prédio e sem sol à vista?

10 da manhã!! Costa da Caparica, primeira paragem - Praia do Barbas. Rapidamente nos apercebemos que o vento estava contra as ondas, offshore forte. As pareces tinham metro e meio bem medido, perfeitinhas e a alisadas pelo forte vento vindo de leste. Ninguém na água, máquinas a enfiarem calhaus nos pontões... as praias tão quase sem areia - as asneiradas do passado pagam-se caras!!!
Estava tudo perfeito... para o Puto P, mas então e eu? O maçarro de serviço era eu e aquilo era muita fruta para a minha fruteira.
- Ok, puto. Fonte da Telha está mais pequeno, vamos ver a coisa! - dizia-me o Puto P.
O puto na verdade era eu... diga-se!!

No caminho para a Fonte da Telha qual explorador deslumbrado, descubro as maravilhas naturais da Costa da Caparica no seu estado virgem. Descemos aquelas arribas areniticas da Fonte da Telha, e finalmente checamos o mar. Por esta altura eu mais parecia um cubo de gelo. Efectivamente o conhecedor experiente daquelas bandas era ele e realmente estava um mar mais pequeno, mas consistente e perfeitinho. Era manifestamente um dia daqueles em que o mar, por todo o lado se alimentava do off-shore constante, ainda que um pouco forte de mais.

Parámos para comer qualquer coisa num café pitoresco junto ao mar, e avançámos até um local por entre as dunas, determinados em entrar na água... mas o frio era constante!! Alguém adivinha o porquê de não estar ninguém na água aquelas horas... e durante todo o dia???!!! E alguém adivinha onda andavam os maluquinhos?!

Fato... wax... prancha debaixo do braço... e ala que se faz tarde, areia geladinha que até doía, corridinha para espantar um bando de gaivotas em terra, aquecimento e água!!!! O surf não era uma realidade para mim há já alguns meses, a prancha continua a revelar-se inadequada para um maçarico e o jeitinho também é pouco... mas eu esforço-me!!
A primeira remada para o outside até que se fez bem, acompanhei o meu amigo mais experiente nestas andanças... mas depois da primeira onda, não houve mais fôlego. A barriguinha tem crescido exponencialmente em terras de sequeiro, a falta de exercicio é uma realidade quotidiana e o surf é lá de tempos a tempos... não seriam de esperar grandes coisas! Ainda apanhei umas onditas, enquanto o Puto P lhe dava e se ia divertindo. O tipo puxava por mim, mas os meus braços estavam estoirados. Mantive-me no inside tentando apanhar uma pequenitas, mas obviamente as desvantagens de estar no lugar do morto são sempre grandes... leva-se com os espumaços todos do set na marmita e o cansaço intensifica-se... epá puto, tinhas razão!! Eheheheh.

Enfim, ainda deu para apanhar umas quantas, e tentar o impossivel. Ainda deu para sentir aquela sensação única da máquina de lavar numa ondita onde o take-off se revelou suicida... e pronto... talvez hora/hora e meia depois saio geladinho. O Puto P ainda lá ficou a curtir mais umas quantas, na companhia de mais dois amigos que entretanto se haviam juntado a nós.
Voltei a vestir-me, não senti os dedos dos pés e das mãos durante alguns minutos, mas fui ainda sacar umas fotos. Pouco tempo depois sai ele. A hora era de almoço!!

A sensação de voltar ao mar e levar nos cornos outra vez foi como sempre, revitalizante, ainda que pareça paradoxal. A sensação de voltar a sentir aquelas cabeleiras de água suspensa na cara era foi sublime, gostei de voltar a sentir aquele feeling de andar com a prancha às costas à procura de mar bom com toda a imprevisibilidade que tudo isso acarreta... gostei de voltar a ver o mar, a senti-lo, a saboreá-lo e a respeitá-lo. Pena foi mesmo o frio que se fez sentir com aquele off-shore demasiado forte, pena é que isto aconteça uma vez por festa... pena é que o mar não esteja aqui à mão de semear!

Bom, as horas eram de almoço e nós fomos saborear umas belas "francesinhas" ao Fórum Almada. Seguimos então para a Cova do Vapor, a famosa onda na foz do rio Tejo e passámos a tarde a tirar umas fotos bem porreiras, além de uma visita ao bar da praia e uma pequena conversa com o tipo que lá trabalhava e se mostrou muito "à maneira".

Bom, ao fim da tarde voltámos a Évora e chegámos como haviamos partido - de noite!
Quando me deitei, senti-me a flutuar... no dia seguinte quando me levantei doia-me tudo... no domingo seguinte nevou em Évora:)
Comments:
Obrigada pela visita. Volta sempre. Em relação às mulheres da tua vida essas são as óbvias, mas até agora mais nenhuma te inspirou?? Vives no mundo um bocadinho machista, não?
Mudando de assunto, tens de apanhar mais umas ondas e fugir para o litoral, afinal de contas um rapaz da água não pode passar a maior parte do tempo em sequeiro.

Beijinhos
 
Gostei muito de te ver pelo meu canto. Ainda pensei que te tinhas inscrito... E Évora aqui tão perto... Em Alvito acontece...

Já somos 44...

Esperamos muitos mais


Bom fim de semana

Um abraço.
 
Conseguiste descrever perfeitamente o que é levantar o rabo ainda de madrugada para ir apanhar temperaturas inimaginárias rumo à praia. Mas que vale a pena vale. Principalmente a parte em que se está quase sozinho dentro de água, que nos dias de hoje começa a tornar-se muito difícil. Quando voltares para estas bandas manda um mail (está no meu blog)e combinamos uma surfada. Que tal?
Abraço!
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?