terça-feira, outubro 24, 2006

 

 

A prancha

fotógrafo desconhecido:
Darin Pappas e algumas das suas criações


"Eu gosto de saber a história por detrás de cada prancha... porque cada prancha tem uma história para contar" Darin Pappas.
Darin Pappas soletrara estas palavras a um shaper brasileiro, na sua oficina quando este se preparava para lhe ceder umas das suas velhas pranchas para uma nova criação do multifacetado artista californiano.
Darin é californiano, é um artista na verdadeira grandeza que a palavra encerra - escultor, fotógrafo, escritor, músico, surfista - tendo no mar e no surf uma das suas matérias primas criativas. Na sua faceta de escultor, Darin transforma shapes convencionais em novas e excêntricas formas, criando verdadeiras obras de arte daquilo que muitos poderão considerar uma amalgama velha e amarelada de foam e resina!
Mais do que debruçar-me sobre o trabalho de, ou a pessoa que é Darin Papas (tema ao qual tentarei voltar num outro artigo) a génese deste post pode ser encontrada nas sábias palavras deste mestre da expressão e que estão no inicio deste texto.


foto by Cuze:
a minha primeira prancha, no sitio onde hoje está, conta uma
história de 6 anos nas minhas mãos, não totalmente felizes, mas com a certeza de
ter sido nela que pela primeira vez tive a suprema sensação do que é surfar
Qual a natureza de uma prancha? O que faz de uma prancha um objecto tão precioso, não só para o seu dono, mas também para outros?
Para todos aqueles que já tiveram o privilégio de cavalgar uma onda erectos, sobre um bloco de espuma envolto em resina, nenhuma concepção de surf é mais valida do que a sua própria experiência no mar, nas ondas... tendo como fundamental auxiliar dessa experiência, a sua prancha de surf, esse bloco de espuma
e resina, que algures num passado mais ou menos distante foi moldado pelas mãos experientes de um qualquer shaper. É nesse contexto, que qualquer surfista que se sinta familiarizado com aquilo que escrevo acima, tem a noção do quão importante é para si aquele inerte e inanimado bloco de espuma. Cada um de nós, surfistas, sabe que a nossa prancha fala de nós, das nossas surfadas juntos, que, como uma tábua rasa se vai enchendo de histórias, sentimentos, emoções... lágrimas, suor, sangue... wax!!!!
Cada um de nós surfistas, sabe o que conta a sua prancha. Cada um de nós surfistas sabe que a prancha do parceiro conta uma historia, que história? Não sabemos, mas sabemos que ali está um pedaço de uma vida, ou vários pedaços de várias vidas!

Cada ding, mossa ou estaladela numa prancha, é como uma cicatriz que fala de um dia perdido no tempo. Um dia em que a prancha e o seu amante de carne e osso, salgaram seus corpos e se envolveram num belo bailado oceânico... partilhando com o mar, toda a essência positiva do cosmos maritimo.
A prancha torna-se assim, qual livro, num depositários de situações marcantes na vida de cada um dos seus donos (ou dono), construindo uma história própria.

fotógrafo desconhecido: mais uma bela obra de arte de
Darin Pappas, naquilo que foi em tempos uma prancha de surf

Saber a história de uma prancha, é assim, como olhar uma fotografia, como ler um livro. Conhecer um pedaço unico de uma ou várias vidas, perceber que naquele pedaço de espuma fibrado essas vidas tiveram momentos de profunda felicidade, angústia ou extâse. Que ao contrário de um livro a história daquela prancha está directamente ligada e dependente do que a suporta (a própria prancha) e que, tal como uma foto, aquela prancha congela em si momentos reais, únicos e verdadeiros.

É por isso, creio, que Darin no seu processo criativo, dê tanta importância ao que cada prancha conta, numa tentativa leal de absorver o máximo de idealização artistica na qual a prancha é rica, tendo em conta que cada esta é a memória de uma história única e de indentidade própria, perfeita como motor de inspiração artistica.
Comments:
OI!
Somos alunos de Sociologia, da Univ. do Algarve, e estamos a realizar um trabalho
sobre o surf e os seus praticantes, no ambito da disciplina Sociologia Maritima.

Já há algum tempo que lêmos o teu blog quando começamos a pesquisar sobre o tema.
Gostamos particularmente da forma como exprimes o teu sentimento pelo Surf,
e tudo o que este envolve.

Com este trabalho pretendemos compreender de que forma o espaço maritimo e seus
envolventes influenciam o quotidiano e o estilo de vida do praticante de surf.

Já temos realizado entrevistas a alguns surfistas da praia de Faro (que praticam noutros
locais também, ou até dao aulas de surf), e gostariamos agora de fazer uma nova intervenção
e fazer-te uma entrevista que te entregariamos por e-mail, onde te poderias expressar da forma
que mais desejares.

È algo um pouco arrojado, mas pensamos que se torna numa experiencia bastante positiva.
Gostavamos de ter contacto contigo atraves de e-mail e do msn.

Podes responder para o e-mail:
super_sociologia@hotmail.com

Esperamos obter a tua colaboração!
Até lá, escreve mais qualquer coisinha no teu blog :)
Boas ondas!!
 
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