terça-feira, julho 31, 2007

 

 

O meu Mundo


És tu que te reflectes nesta imagem.
As cores quentes e alegres, o enquadramento perfeito que me recorda a tela que pinto todos os dias. És arte em mim. Fogo no meu coração.
És as curvas que percorro com o paladar. A tua pele é doce, levemente picante, quente.
Sinto-me a tocar-te, alcanço-te e o meu tacto descobre a suavidade das tuas carnes, a volúpia da tua plenitude.
A tela constrói-se, as cores fundem-se com a tua beleza, com a ternura da tua aura.
Fundo-me contigo. Corpo com corpo. Alma com alma.
Exploro os teus segredos. És areia no meu corpo. Me envolves.
Sou o sal que te queima os lábios, que se incrusta nos teus poros, que tempera o teu coração. Te envolve.
Como uma falésia, precipito-me para ti. Voo quando te alcanço.
Sinto-me livre quando entro em ti. Quando mergulho no mar interminável do teu corpo ondulante, de águas cristalinas, quentes.
Sou livre quando sinto a tua energia. Quando me impeles, me seguras, me desejas... me abraças.
Sinto o pulsar da tua energia.
És o fogo ardente.
A água onde mergulho.
O ar que respiro.
A terra que me acolhe.


sexta-feira, abril 06, 2007

 

 

Momentum

Para ler ao som de...

O quadro que apresento representa aquilo que consegui captar, sobre momentos que me são queridos. Momentos que constroem uma realidade que me envolve. Uma realidade que sinto moldar-me enquanto ser humano, como as mãos de um oleiro moldam o barro macio.

Uma realidade que é feita de momentos.
Os momentos que se evocam neste poster, mas muitos mais poderiam fazer parte deste quadro.
Momentos dispares entre si.
Momentos que me dizem, no sussurro das profundezas da minha consciência, que as minhas raízes, como as de um eucalipto, na terra seca rasgam o destino em busca de água. Mas as minhas, água salgada.

O limite entre o meu ser e o meu estar situa-se algures na distância de um pensamento, a meio caminho entre a terra e o mar. No local onde se sente a melancolia e a calma das planuras quentes, mas onde o cheiro fresco a maresia já irrompe pelos poros do vento.

Enquanto o pensamento, a memória e a imaginação me encurtam as distâncias, como as raízes do eucalipto procuro rasgar a terra seca em direcção ao estado liquido. Não se dissociam nunca, estes estados - o etéreo e o terreno, o platónico e o carnal - porque o sonho move o Homem. Sonhar é viver, alimentar a alma com aquilo que não é, preparar o corpo para aquilo que há-de ser. Sonhar é o mapa do tesouro. Viver esse sonho só depende da capacidade que tenho para interpretar esse mapa.

De certa forma, a amalgama de imagens, representam aquilo que alimenta o sonho: a memória, o pensamento... a imaginação. São testemunhos de um passado, símbolos dos pilares nos quais assentam o meu mundo. Sementes do meu futuro.

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quarta-feira, abril 04, 2007

 

 

No pain, no gain

Para ler ao som de:

Saca num momento de glória pela vitória no Boundi Billabong Pro da Ericeira

Volto a escrever quase um mês depois do ultimo post.
Não é por acaso que o faço, basta pensar que ontem fui novamente surfar. Os mesmos 300 e picos quilómetros de viagem, as mesmas ondas, (quase) o mesmo tempo... mas com companhia de surfada e mais uns quantos ensinamentos.

Momentos de desânimo e euforia são fruto de situações diametralmente opostas, que no surf tendem a acontecer alternadas com uma frequência por vezes desconcertante, em que as distâncias temporais entre elas se podem discretizar ao segundo.
É fácil assim, perceber o turbilhão de sentimentos, sensações e emoções por que passa um surfista a partir do momento em que se entrega aos caprichos do mar.

É claro que o relativismo inerente a esta constatação não deve ser desprezado. É dessa forma que, em função do nível de surf, das condições de mar e da própria estrutura emocional do surfista, se expressa com maior ou menor fulgor, e de pessoa em pessoa, este facto.

O facto de no surf se estar sempre no limiar entre o êxtase e a desilusão, ou mesmo a angústia, faz perceber melhor do que estou a falar: num dado momento se pode encaixar no tubo mais profundo e o êxtase se apoderar de nós, e no segundo seguinte toda a energia daquela onda se abater sobre nós na forma de um violento turbilhão de água. Tudo se resume a um único momento, onde o espaço e o tempo determinam o nosso êxito ou o nosso fracasso.



Assim é o surf.
Assim se constroem os momentos de glória, mas também é daqui que se determinam os momento de humilhação. A distância entre eles é no surf, o equivalente à espessura do lâmina de uma navalha.

Costuma dizer-se que o maior vencedor, não é aquele que vence mais vezes, mas sim aquele que consegue levantar-se e vencer após uma grande derrota.
Pois bem, é aqui que reside a magia do surf, aquela que nos amarra e nos seduz para sempre.

A procura frenética da onda, do prazer supremo de encaixar na onda e desfrutar da mesma, traz não só o prazer fisico em si, mas um sem número de outras coisas que tornam o surf tão especial. Entre as quais está esta capacidade para nos fazer lidar com o fracasso constantemente. Diria que isso maximiza os momentos de prazer e êxtase, dando-lhes maior significado e um sabor especial. É dessa forma que a motivação sobe e as probabilidades de sucesso aumentam. No fundo, é dessa forma que o surf se torna inexplicavelmente tão viciante. E é assim, que aos trambolhões, com dores, sangue, suor e lágrimas, evoluímos e sorrimos a cada passo dado nessa evolução enquanto "viajantes das ondas".

A máxima inglesa do "no pain, no gain" aplica-se na perfeição a este nosso mundo de ladrões de energia oceânica. Como um pai, o oceano explica-nos que nada se consegue sem sacrifício, e que isso enriquece a experiência. Que no fundo, o êxito é tanto maior, quanto maior for o sacrifico e as provações pelas quais passamos para o alcançar.

Vencemos de cada vez que ultrapassamos os nossos fracassos e tentamos novamente, e novamente, e novamente... até conseguirmos.

Por vezes não é fácil percebermos a extensão desta máxima, por vezes precisamos de umas palavras de incentivo (daqueles com quem surfamos ou que simplesmente nos querem ver triunfar), por vezes é o orgulho que nos impele a ultrapassar o fracasso. Mas no fim, independentemente das razões, sabemos que o êxito nos espera e que será muito saboroso.

Street surfing

PS: neste particular, devo agradecer ao meu habitual companheiro de surfada, o Pedro, pelas sucessivas palavras de incentivo que por mais de uma vez me fizeram chegar ao êxito. Um abraço.

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domingo, março 11, 2007

 

 

Homem livre, tu sempre gostarás do mar

Évora - S. Torpes - um itinerário periodicamente traçado e realizado por mim, do qual já dei conta inúmeras vezes neste espaço, desde o seu inicio.

Isto torna-se ainda mais explicito, quando se percebe que a periodicidade deste acto (e outros análogos) é de tal forma irregular e espaçada, que qualquer acontecimento do género é sempre noticia neste local. A propósito disto, espero ainda o dia, em que não seja noticia cada surfada que dou, pois isso será sinónimo da minha proximidade com o mar, a consumação de um amor platónico que se transforma num amor carnal... num casamento... numa intimidade.

Pois bem, mais uma vez isto é noticia, não fugindo ao cliché em que acabei ao longo dos tempos, por transformar este acontecimento - diria, que: antes cliché, que quimera.

Na verdade, não tenho qualquer intenção de empastar o texto com descrições pormenorizadas de cada passo que dei, das condições do mar, da cronologia do acontecimento, nem algo parecido.

Apenas escrevo para dizer algo muito simples: Sábado voltei a sorrir como há muito não sorria. Aquele sorriso. Diferente, tranquilo, alegre, pacífico.

Sorrir é óptimo. É o sinal da nossa felicidade, de que a vida nos corre bem. Quando digo isto, refiro-me a um sorriso sincero, genuíno, e não àqueles que mais parecem resultado de uma descarga de fígado, de tão amarelos que estão.
Todos sabemos sorrir. Todos, em dadas alturas das nossas vidas sorrimos, fomos/somos felizes por momentos. Todos nós sorrimos quando nos deram os parabéns no nosso aniversário. Todos sorrimos quando o nosso clube marca o golo tão ansiado. Todos sorrimos quando a nossa namorada nos soletra um "amo-te" ao ouvido.

O sorriso é a expressão de uma emoção positiva, mais banal do que por vezes temos tendência em pensar.

Mas e aquele sorriso?!
O Sorriso.
A expressão máxima de uma felicidade maior do que o universo. Penso que esse sorriso, não é a expressão de uma emoção banal - é antes, a expressão máxima da harmonia entre a nossa alma e o nosso universo.
Naquele sábado, voltei a sentir isso. Quando o sol me batia no corpo, de tronco nu em pleno inverno, junto ao mar, sorriso largo no rosto... e uma sensação de plenitude, de felicidade infinita, em pura sintonia com a melodia do universo. Um sorriso que me provocou um arrepio, não de frio ou de medo, mas de algo tão pleno e reconfortante que é impossível descrever.

É o que se sente em certas alturas como esta, em que se sai do mar depois de mais uma surfada. É provavelmente o que se sente quando nasce o primeiro filho. É o que se sente quando nos sentimos amados - depois do primeiro beijo, depois de fazer amor, ou simplesmente quando se assiste a um lindo por do sol junto da pessoa que mais amamos - , é o que se sente sempre que a vida nos parece maior do que a própria existência, quando nos sentimos eternos e parte de tudo o que existe.

É neste momentos, que o milagre da vida se concentra numa emoção, expressa naquele sorriso.


Nota: a autoria da frase que dá o titulo a este post é de Charles Boudelaire

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quarta-feira, fevereiro 07, 2007

 

 

Entrevista

Há uns tempos atrás, neste mesmo blog fui abordado por um grupo de estudantes de Sociologia da Universidade do Algarve para colaborar num estudo que estavam a fazer no âmbito de uma cadeira do curso de Sociologia. Como também sou estudante universitário e bem sei o que por vezes custa realizar certo tipo de trabalhos que exigem muita pesquisa, imediatamente me prontifiquei a ajudar, ainda para mais tendo em conta que o assunto principal era o Surf - exactamente aquilo que move a existência deste blog e salvo as devidas proporções que move a minha vida também!

Após alguma troca de mails foi-me realizada uma entrevista por escrito, à qual tive o maior gosto em responder.

Hoje recebi a apresentação do trabalho final realizado por estes alunos e também a autorização para poder publicar a entrevista no blog, a qual tinha sido solicitada por mim há algum tempo.

Assim, neste contexto, transcrevo a entrevista e as respostas dadas por mim, na tentativa de mais uma vez, e de uma forma diferente exprimir aquilo que o surf é na minha vida!

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  1. O que te motivou a praticar Surf?

Foi um pouco um vazio que existia em mim, enquanto puto, que me impelia a tentar ser algo de diferente. Começou como uma mania de puto, uma mania irrealista, dado o contexto em que vivia (Évora) que ao longo dos anos se foi adensando até se tornar num vicio, e mais recentemente em algo absolutamente impregnado na minha maneira de ser, e no modo como encaro a vida

  1. E o que te continua a motivar para continuares a praticar?

Acho que no surf, a motivação advém da experiência que se retira dentro de água. Há obviamente aquela motivação, aquela pica quando se nota evolução numa qualquer manobra ou no nosso surf de uma forma global, e que nos impele a cada vez se querer surfar mais. No meu caso, e dada a minha condição de residente em Évora, isto continua a ser válido, mas de uma forma muito mais dramática. Surf para mim é poucas vezes ao ano, e neste momento, o que talvez mais me motive a continuar a praticar é saber que no futuro certamente terei melhores condições para o praticar, saber que um dia provavelmente poderei entrar no mar todos os dias, quando bem entender. Até lá continuo a disfrutar intensamente de cada surfada que dou de tempos a tempos.

  1. Alguém da tua família ou amigos praticaram Surf? Houve alguém que te influenciou a praticar?

Não. Ninguém da minha família surfa, por razões obvias. Amigos também não, no entanto já fiz amigos no surf. Ninguém me influenciou a praticar, foi um “vipe” que se transformou numa paixão.

  1. Praticas mais algum desporto náutico? Se sim, qual?

Não.

  1. Qual a influencia do Surf no teu quotidiano? Modificaste alguns dos teus hábitos depois de iniciares este desporto?

Como já disse, vivo e estudo em Évora, o que me dificulta a tarefa de surfar regularmente. Neste momento o surf no meu quotidiano funciona ainda que a nível mais espiritual como um tónico, uma espécie de objectivo a alcançar, uma espécie de amor platónico só ocasionalmente correspondido com amor carnal.

Depois da primeira surfada, depois de estarmos completamente ligados ao surf, é inevitável alguma mudança na nossa maneira de estar na vida. Não considero que tenha havido hábitos específicos que tenha alterado, penso que tem sido um processo natural, onde talvez a face mais visível sejam as constantes possibilidades de ir ao mar e tudo o que daí advém em termos de rotina diária.

  1. Fazes algum tipo de exercício físico regular para te preparares fisicamente para o Surf?

Infelizmente não o faço, sabendo e tendo consciência que o devia fazer. A universidade toma-me a maior parte do meu tempo, além de outras actividades nas quais estou envolvido. Não sendo desculpa, a verdade é que nada disto facilita. Mas de quando em vez dou umas corridinhas, uma natação e mais frequentemente umas futeboladas para descomprimir com os amigos.

  1. Em que locais costumas praticar Surf?

Inicialmente surfei muitas vezes em S. Torpes, Sines. Na verdade iniciei-me em Odeceixe, sendo que as primeiras praias onde surfei foram Praia da Luz (Lagos) e Arrifana (Aljezur).

Mais recentemente, vou alguma vezes para a Costa da Caparica e Fonte da Telha.

  1. Já participaste em campeonatos? Costumas participar?

Lol, nem pensar!! Não sou competitivo por natureza e nem o meu nível mo permite.

  1. Quanto tempo dedicas a praticar Surf?

Ui... muito menos do que desejaria. Mas lá está, o surf não se resume, em minha opinião, a um desporto. É antes de mais um estado de alma.

  1. És apologista do Surf Profissional?

Não sou contra. Mas como disse, a minha natureza muito “espírito livre” e nada competitiva leva-me a olhar o surf profissional, que está intimamente ligado ao surf competição, de uma forma desinteressada. Acho no entanto, e concebo perfeitamente, que o surf enquanto desporto profissional proporciona ao surfista uma vida que muitos desejariam: surfar as melhores ondas do mundo e ser pago para isso. Também é óbvia a contribuição do surf profissional para uma evolução técnica do surf ao longo dos anos, bem como da acessibilidade a novos e melhores materiais para a prática do surf. O problema é que nem sempre o surf profissional/competição são o melhor veiculo de transmissão daqueles que para mim, são os verdadeiros ensinamentos a retirar do surf enquanto estilo de vida.

  1. Já fizeste alguma Surf Trip?

Sim, pode-se dizer que sim. Costa alentejana algumas vezes.

  1. Podemos afirmar que na sociedade existe a ideia de um estilo muito próprio dos Surfistas, o tipo de cabelo loiro, com aspecto descontraído, entre outras caracterizações. Identificas-te com alguns desde estereótipos? Que pensas desta ideia generalizada?

Não me identifico minimamente com qualquer estereótipo do surfista que eventualmente possa existir. Acho até que o tipo cool de cabelo descolorado e pele queimada não é hoje em dia já tanto utilizado como caracterizador do surfista. Acho que a esse nível, em Portugal já existe uma consciência mais generalizada de que o surfista é o engenheiro, o advogado, o pedreiro, o pintor, o arquitecto, o canalizador, seja lá o que for, cada um com a sua maneira de ser, vestir, estar. Se existe eventualmente ainda em algumas pessoas, essa concepção da imagem do surfista, penso que é um pouco antiquada e desactualizada e corresponde pouco à verdade, porque ser surfista é uma condição essencialmente interior, ainda que exteriormente e como em tudo na vida, seja passível de ser extravasada.

  1. È também costume afirmar que o Surf é algo mais que um desporto, é um estilo de vida. Sentes isso como tal? Porquê?

Acho que as minhas respostas anteriores já responderam a isso. O surf é mais do que um desporto. É uma forma de estar na vida, um estado de alma, uma forma de encarar a existência, o mundo. É essencialmente um acto hedonístico de comunhão com a Natureza, onde nos sentimos verdadeiramente livres, física e mentalmente. É quase uma terapia, como eu já disse algumas vezes, o surf não se explica, sente-se, ainda que isto possa parecer um cliché, é a mais pura das verdades.

  1. Se tivesses de definir o que é o mar, como o farias?

Liberdade. É engraçado que eu sinto-me aprisionado aqui onde vivo por olhar para todos os lados e só ver terra. Quando vejo o mar, sinto-me livre...e isso basta.

  1. O que procuras no Mar? E no Surf?

O que procuro no mar, é aquilo que ele próprio significa para mim, liberdade física, mas essencialmente espiritual. No surf procuro um caminho, um veículo para a minha própria felicidade, uma libertação da tirania do tempo. Uma maneira de envelhecer livre, feliz, tendo um prazer imenso em desfrutar do mar, da natureza, absorver toda a energia positiva que só a natureza no seu estado mais puro, pode oferecer. »


quinta-feira, dezembro 07, 2006

 

 

Inspirador


Encontrei este video num forum que frequento e achei-o absolutamente inspirador... inspirador em que sentido? Inspirador para a vida, e para o modo como a vivemos, preocupando-nos mais com pormenores, do que o que realmente interessa na vida: as relações humanas, a relação de nós como nós mesmos e com o que nos rodeia.
Que se viva a vida com optimismo.

domingo, novembro 26, 2006

 

 

Paz

“Shelter” é o nome de um dos mais aclamados e geniais filmes de surf de sempre. Obra prima de Chris Malloy e Taylor Steele onde pontificam Rob Machado, Donavon Frankenreiter, os irmãos Malloy, Taylor Knox, Shane Dorian, Kelly Slater, Ben Harper e companhia.

“The best technological advance in the world is peace”

A frase é de Ben Harper, algures na trilha sonora que acompanha todo o filme, numa viagem de simbióticas formas de comunicar, transformando o visionamento do mesmo numa experiência infinitamente agradável.
Shelter é daqueles filmes imperdiveis, não só para os apreciadores do género (os surfistas) mas também para o comum dos leigos. Em nenhum outro filme de surf, na minha modesta opinião, é possível observar de uma forma tão sublime, todos os principais aspectos da condição do que é “ser surfista” e do que significa viver e respirar o espírito livre do surf, sem preconceitos.
Tudo está no seu lugar. As imagens, o som. O tónico experimentalista, não se cinge à banda sonora, todo o filme é um laboratório de ensaios e experiências. Fórmulas mágicas são preparadas, numa alquimia de elementos que se conjugam. A alma se funde no mar, nas pranchas, na areia, nas guitarras e aí se expande, presenteando-nos com os mais belos exemplos de como deve ser a verdadeira essência das nossas relações humanas e para com o que nos rodeia, neste caso o mar e aqueles que como nós partilham da sua magia.
Mais do que surf, Shelter mostra a beleza das coisas simples. A beleza de uma pequena e modesta casa em madeira num remoto recanto da costa da New South Wales australiana. A beleza da musica, das jam sessions nocturnas, das palavras deambulantes de ilustres surfistas e músicos. A beleza suprema dos actos, a nobreza das relações humanas, o altruísmo e a partilha, como momentos intrinsecamente ligados ao estado de alma de ser surfista. Pormenores que raramente observamos ligados ao surf. Não raramente nos concentramos apenas no acto de surfar, falamos, escrevemos e reflectimos numerosas vezes acerca apenas do acto de surfar. Damos pouca atenção ao que o rodeia, e ainda menos ao que verdadeiramente interessa naquilo que o rodeia – e assim se faz o quotidiano do surfista, na maioria das vezes. Em Shelter, é possível, observar e absorver a importância do “resto”. Existe surf, mas existe também o resto, os pormenores que dão ainda mais magia ao “ser surfista”. Pelo menos é assim que eu entendo, e certamente este filme vem de encontro aquilo que eu, enquanto homem, absorvo da experiência única que é ser surfista.
Talvez o filme seja demasiado idílico. A imagem estupidamente romantizada do surf de alma, demasiado perfeito que se distancia da realidade. Um olhar superficial pode revelar este tipo de conclusão. Mas um olho mais clínico, paradoxalmente sonhador até, facilmente discerne que na vida, só depende de nós próprios enquanto seres, vivê-la segundo muitos dos paradigmas retratados em Shelter.
No fundo, tudo se resume à frase de Ben Harper... Paz. Paz e harmonia é o que se encontra em Shelter. Paz é o que deve ser o surf. Paz é o que devemos encontrar na nossa experiência enquanto surfistas... enquanto homens e mulheres.

O exemplo de tudo o que disse, é possível de observar neste pequeno trecho de filme...

terça-feira, outubro 24, 2006

 

 

A prancha

fotógrafo desconhecido:
Darin Pappas e algumas das suas criações


"Eu gosto de saber a história por detrás de cada prancha... porque cada prancha tem uma história para contar" Darin Pappas.
Darin Pappas soletrara estas palavras a um shaper brasileiro, na sua oficina quando este se preparava para lhe ceder umas das suas velhas pranchas para uma nova criação do multifacetado artista californiano.
Darin é californiano, é um artista na verdadeira grandeza que a palavra encerra - escultor, fotógrafo, escritor, músico, surfista - tendo no mar e no surf uma das suas matérias primas criativas. Na sua faceta de escultor, Darin transforma shapes convencionais em novas e excêntricas formas, criando verdadeiras obras de arte daquilo que muitos poderão considerar uma amalgama velha e amarelada de foam e resina!
Mais do que debruçar-me sobre o trabalho de, ou a pessoa que é Darin Papas (tema ao qual tentarei voltar num outro artigo) a génese deste post pode ser encontrada nas sábias palavras deste mestre da expressão e que estão no inicio deste texto.


foto by Cuze:
a minha primeira prancha, no sitio onde hoje está, conta uma
história de 6 anos nas minhas mãos, não totalmente felizes, mas com a certeza de
ter sido nela que pela primeira vez tive a suprema sensação do que é surfar
Qual a natureza de uma prancha? O que faz de uma prancha um objecto tão precioso, não só para o seu dono, mas também para outros?
Para todos aqueles que já tiveram o privilégio de cavalgar uma onda erectos, sobre um bloco de espuma envolto em resina, nenhuma concepção de surf é mais valida do que a sua própria experiência no mar, nas ondas... tendo como fundamental auxiliar dessa experiência, a sua prancha de surf, esse bloco de espuma
e resina, que algures num passado mais ou menos distante foi moldado pelas mãos experientes de um qualquer shaper. É nesse contexto, que qualquer surfista que se sinta familiarizado com aquilo que escrevo acima, tem a noção do quão importante é para si aquele inerte e inanimado bloco de espuma. Cada um de nós, surfistas, sabe que a nossa prancha fala de nós, das nossas surfadas juntos, que, como uma tábua rasa se vai enchendo de histórias, sentimentos, emoções... lágrimas, suor, sangue... wax!!!!
Cada um de nós surfistas, sabe o que conta a sua prancha. Cada um de nós surfistas sabe que a prancha do parceiro conta uma historia, que história? Não sabemos, mas sabemos que ali está um pedaço de uma vida, ou vários pedaços de várias vidas!

Cada ding, mossa ou estaladela numa prancha, é como uma cicatriz que fala de um dia perdido no tempo. Um dia em que a prancha e o seu amante de carne e osso, salgaram seus corpos e se envolveram num belo bailado oceânico... partilhando com o mar, toda a essência positiva do cosmos maritimo.
A prancha torna-se assim, qual livro, num depositários de situações marcantes na vida de cada um dos seus donos (ou dono), construindo uma história própria.

fotógrafo desconhecido: mais uma bela obra de arte de
Darin Pappas, naquilo que foi em tempos uma prancha de surf

Saber a história de uma prancha, é assim, como olhar uma fotografia, como ler um livro. Conhecer um pedaço unico de uma ou várias vidas, perceber que naquele pedaço de espuma fibrado essas vidas tiveram momentos de profunda felicidade, angústia ou extâse. Que ao contrário de um livro a história daquela prancha está directamente ligada e dependente do que a suporta (a própria prancha) e que, tal como uma foto, aquela prancha congela em si momentos reais, únicos e verdadeiros.

É por isso, creio, que Darin no seu processo criativo, dê tanta importância ao que cada prancha conta, numa tentativa leal de absorver o máximo de idealização artistica na qual a prancha é rica, tendo em conta que cada esta é a memória de uma história única e de indentidade própria, perfeita como motor de inspiração artistica.

domingo, outubro 08, 2006

 

 

Surf's Up

Recentemente alguém no forum Atitude-Surf.com chamou a atenção para esta delicia...
Este é o trailer do filme Surf's Up que irá estrear no próximo verão de 2007.
Sem mais comentários... segue já a seguir o trailer!!!


domingo, outubro 01, 2006

 

 

Storm Rider II

Na ressaca de uma tarde de bricolage - pela primeira vez na vida remendei alguns dings que a minha prancha apresentava, e não se pode dizer que tenham ficado muito maus!!! - sentei-me na cadeira em frente ao ecrã deste computador e puz-me a ler novamente o blog anterior e os respectivos comentários... foi nesse contexto que voltei a ligar-me ao url do antigo Surf, Sopas e Descanso e quase de imediato me puz a ler um antigo post que por lá andava abandonado vai para dois anos e tal...

Depois de o ler conclui que não havia melhor exemplo que esse mesmo post, para aquilo que havia escrito ainda há dois dias acerca da idade do SSD e como a minha vida havia mudado desde o primeiro post no dia 2 de Fevereiro de 2004.

Neste sentido, aqui deixo o post:

« STORM RIDER - 20 de Agosto de 2004

escrevendo ao sabor das melodias de: Velvet Revolver - You Got No Right...

Há três anos quando ainda me esforçava por acabar o secundário, tinha em mente a continuação dos meus estudos, não onde efectivamente hoje me encontro (Universidade de Évora) mas antes, na Escola Naval - estabelecimento de ensino superior militar. Porquê? Porque adoro o mar, sempre gostei da Marinha e um aliciante enorme me chamava, talvez o mais forte - fazer uma viagem no Navio Escola Sagres!

Pois é... sempre foi um sonho antigo, acho que mais antigo do que o meu amor pelo surf, um dia poder embarcar num destes veleiros enormes, de quatro mastros e velas enormes, fazer parte da tripulação e passar uma boa temporada a viajar por esses oceanos imensos, olhando sol pôr-se e nascer no mar.

Ocorreu-me este post, pois há pouco estava eu a fazer zapping e no canal Travel da Cabovisão, estava a passar um programa sobre uma expedição num deste veleiros. À excepção do capitão do navio, toda a tripulação fora recrutada especificamente para a realização deste programa - pessoas comuns, com as suas profissões, com as suas familias e com pouca ou nenhuma experiência de navegação. Para alguns, no entanto, este era um sonho antigo, para outros, ao que parece, fora apenas uma oportunidade de participar em algo novo, numa experiência sui generis que dificilmente imaginariam possivel em suas vidas. De nacionalidades diferente, homens e mulheres, com as mais variadas profissões e idades não tinham como quotidiano o lazer, mas sim, as tarefas básicas incumbidas ao estatuto de tripulação: desfraldar/recolher velas, manutenção e reparação dos mastros e outras estruturas do navio, limpeza do convés, confecção das refeições, etc. Seguramente uma experiência única, que muitos resolveriam mais tarde prolongar para além do tempo util do programa. Alguém disse a certa altura: "Passamos tanto tempo no mar, olhamos para todos os lados e só vimos mar à nossa volta, que por vezes começamos a perguntar se existirá terra algures? É aqui que perguntamos o porquê de este planeta se chamar Terra e não Oceano!", isto ou algo parecido a isto, o que deve ser pragmático do sentimento que se deve ter em tal situação.


Isto tudo, porque a meio, eu próprio me perguntei: "E se me pergutassem a mim, se queria participar, estar um ano e meio longe da minha familia, dos meus amigos, dos estudos, um ano e meio no mar, num veleiro que daria a volta ao mundo?". Quase instântaneamente respondi à minha própria pergunta - SIM. Porque perder um ano e meio de Universidade, com todas as possibilidades intactas de retomar os estudos sem qualquer prejuizo, não se compara, certamente, com uma experiência pessoal tão enriquecedora como esta de passar ano e meio no mar dando a volta ao mundo! Partir para longe dos nossos amigos, dos nossos pais, da nossa terra, é certamente algo um pouco dificil ao principio, mas com o tempo tornar-se-ia um hábito fácil de lidar.


Não tenho medo em referir que não pensava duas vezes, iria certamente com todo o gosto... não seria uma decisão dificil certamente, pelo menos tendo em conta a vida que tenho hoje em dia. Afinal de contas... seria um sonho antigo, tornado realidade!


Mas... e se fosse daqui a cinco anos? Certamente que a minha vida nada terá a ver com o que é hoje - provavelmente já estou no mercado de trabalho, se calhar até já nem vivo em Évora, se calhar terei namorada (o que não acontece de momento o que torna tudo muito mais fácil)... tudo seria diferente. Seria a decisão assim tão fácil de tomar nessa altura? Como não sou bruxo, não posso responder a tal questão. Mas suspeito que a decisão poderia ser a mesma, com maior dose de ponderação, mas provavelmente seria a mesma... era bom sinal!
»

Despois de lido este post, muita coisa salta à vista.
Não passaram cinco anos... não foram necessários tantos anos. Bastaram dois e dois meses para que muito mudasse. A decisão na qual se centra todo o artigo, certamente teria novas e fundamentais variáveis que alterariam por certo o resultado final.
De facto hoje namoro... e hoje um ano e meio parado sem estudar, quase no fim do meu curso e com o famigerado Processo de Bolonha a aterrorizar os estudantes do velho sistema, congelar a matricula da Universidade nestas condições não seria certamente a melhor decisão.

Dois anos e dois meses passados, muita coisa mudou ao ponto de pôr em causa uma decisão que certamente tomaria sem pestanejar, não há muito tempo atrás. Hoje muito teria de ser ponderado. Mas tou em crer que se a oportunidade fosse única, a única variável deveras relevante no fim das contas, seria a minha cara metade e o impacto de teria uma decisão destas na nossa relação... sim, porque caso houvesse a oportunidade de levar um acompanhante ela seria a pessoa escolhida na certa!

Por lapso, o sonho de que vos falei no artigo Storm Rider - de viajar pelos 7 mares num veleiro de 4 mastros - não continha uma fundamental e decisiva parte: o de o fazer acompanhado pela mulher da minha vida... e hoje, hoje que vos falo, já a encontrei.

Hipoteticamente falando... Amor, queres vir comigo?!

sexta-feira, setembro 29, 2006

 

 

dois anos e oito meses

foto: Cuze


Um blog é o espelho do seu próprio autor.
Este blog não foge à regra, e tal como o seu autor... é inconstante, desregrado e pouco dado a periodicidades rigorosas. Talvez por isso não se pode dizer que tenha tido, nos seus dois anos e oito meses de existência - oito meses no Sapo e os dois ultimos anos no Blogspot, um sucesso arrasador. Aliás, está bem longe disso.

No entanto, nestes dois anos e oito meses de existência, o saldo tem-se cotado como positivo e tanto assim é que continua vivo e para durar. Existem épocas de maior veia criativa, existem épocas de total ausência de textos... é assim a vida de um blog de um só autor. O espelho de si próprio e das suas peripécias. Desde o inicio deste blog, muita coisa mudou no mundo... e especialmente em mim, o autor. Este que está sentado em frente ao monitor escrevendo estas palavras, não é propriamente o mesmo que escreveu as primeiras letras do primeiro post do SSD no dia 2 de Fevereiro de 2004. O daqueles tempos era descomprometido, o de hoje é comprometido e mais feliz do que nunca... o daqueles dias raramente surfava, o de hoje pode surfar mais vezes... o daqueles dias tinha uma 6'3", o de hoje tem uma 7'6"... o daqueles dias tinha um VW Polo vermelho de 93, o de hoje tem um Fiat Punto comercial preto de 97... o daqueles tempos estava no inicio da sua vida académica, o de hoje prepara-se para ser engenheiro... Enfim, muito a minha vida mudou e este blog acompanhou algumas dessas mudanças, reflectidas em palavras neste mesmo espaço.

Olhando para trás, observo com prazer duas situações que relevo com especial interesse: a citação na revista feminina de surf Magnolia e a convicção de que este é um dos mais antigos blogs de surf nacionais. Esta última, e sem ser rigoroso, é no entanto facil de perceber se se tiver em conta que no inicio - há dois anos e oito meses - dificilmente encontraria um blog que falasse de surf (existiam o Ondas e poucos mais). Hoje, passado todo este tempo, sorrio ao ver que na blogosfera proliferam bastantes mais blogs de surf, sejam na sua vertente mais literária, sejam na sua vertente mais fotográfica. Foi isso que constatei ainda hoje onde em poucos minutos fiquei a conhecer mais uns 4 blogs de surf...

Num fenómeno tão recente como é a blogosfera, ter quase três anos, para blog é algo de assinalar, perdoem-me a imodéstia. E ser um dos primeiros a falar de surf, é sem dúvida um orgulho!

sábado, setembro 23, 2006

 

 

Dualidade




Surfar é uma experiência predominantemente individual e intimista!

Resveste-se essencialmente de uma dimensão pessoal. Partilhar é uma palavra que em primeira instância tem pouco significado no vocabulário do surfista. É uma palavra que dentro de água apenas é entendida na sua relação com o mundo etéreo a que chamamos Natureza... ou apenas Mar para alguns.

A Natureza, ou o Mar aos quais habitualmente não resistimos à tentação de lhes atribuir condição humana, é passivel de um acto de partilha. Facto este, que não deita por terra toda a dimensão pessoal do acto de surfar. Pelo contrário, reforça a ideia de uma actividade que de tão individual e solitária, mas que resulta de uma interacção entre uma das mais brutais e poderosas forças da natureza - o mar - tem a necessidade de ser contrabalançada nos seus medos e temores por uma entidade que reduza essa temivel força do oceano à simples condição de nós próprios - a condição humana.

Mas o surfista é egoista. Elimina qualquer gesto de partilha, que não seja entre si e o Mar. Torna-se ciumento na abordagem alheia às "suas" ondas. É como um instinto animal primitivo ainda reinante no intelecto humano e que facilmente descamba em violência, sendo o localismo um dos mais mediáticos resultados deste comportamento. É porém, uma notável reacção apaixonada, quente e irracional, produto de sentimentos, sensações e emoções muito próximas da paixão, do amor - alguém gosta de partilhar com outrém a volupia da sua mulher? - e que nos torna por isso também incrivelmente humanos, ao invés de estéreis e frios robots de carne e osso.

Ainda assim, o homem que corre ondas, é antes de mais um Homem... com todos os seus instindos e impulsos, mas também com toda a sua racionalidade, personalidade e moral. É nesta dualidade que se observa a beleza da vida, e em especial da vida do ser humano que corre ondas. O surfista, terá então, de observar a sua interacção com o mar, como uma pequena parte de um todo. Um cosmos infinitamente superior à condição humana, que se dispõe no universo de todas as concepções hedonisticas do ser humano, e dessa forma lhes permite a sua concretização material. O mar, esse cosmos infinitamente grande, é propriedade de ninguém e de todos, nas suas mais variadas noções de prazer fisico e espiritual representadas e materializadas pelo ser humano.

Desta forma, a personificação do mar transforma-se num mero capricho tão individualista como o próprio acto de surfar na mente consciente do surfista. Também o egoísmo com que este encara a partilha de sensações entre si e o mar deixa de fazer sentido... não só porque o mar pertence a todos e a ninguém, mas também porque no acto de surfar, acaba por não existir qualquer experiência de partilha, pois o mar não é pessoal nem tão pouco tem condição humana, não podendo por isso usufruir de qualquer sensação de troca com o próprio Homem.

Em suma, o surfista interage com o mar. Recebe sensações e emoções em troca de nada, porque o mar não precisa de nada do surfista. O mar sempre lá estará calmo e sereno umas vezes, revolto e temivel noutras, mas eterno e imutável aos olhos do Homem.
É assim uma interacção entre algo infinitamente pequeno e algo infinitamente grande, onde o ser humano funde a sua aura nas energias cósmicas do oceano, absorvendo o prazer e o bem estar que essa fusão de energias positivas proporciona no Homem. É na sua essência uma experiência pessoal e intransmissivel... mas na sua condição, passivel de partilha com outros. Ninguém partilha uma onda nem a sensação que esta lhe reserva, mas é de todo impossivel o usufruto exclusivo do oceano e todas as suas ondas, a partilha das energias do oceano com outros será sempre o antagonismo da solidão.

E no fundo, ninguém surfa sozinho por prazer (salvo condições muito especiais). Todos gostamos de estar acompanhados no mar. Todos gostamos de ver a nossa evolução aos olhos dos nossos companheiros de surfada, e das suas dicas. Todos vibramos com as suas ondas. E também eles vibram com as nossas, à medida que sorrimos por saber isso mesmo. Por vezes até partilhamos uma onda com os nossos amigos (muito raro!!!). Tudo se resume a uma cadeia de emoções que resultam numa permutação constante de energias positivas que une cada um ao seu semelhante.
Tornamo-nos claramente melhores surfistas, técnica e espiritualmente, quando surfamos acompanhados e interagimos dentro e fora de água com outros surfistas. É assim que o surf, através da sua dualidade harmoniosa entre o individualismo do acto versus a interactividade na condição de surfista, se torna na minha opinião, na mais bela e genuina forma de interacção com o que nos rodeia - especialmente com a hidrosfera e a bioesfera! É natural assim, que mais do que um desporto, o surf seja encarado como um verdadeiro lifestyle.


segunda-feira, setembro 04, 2006

 

 

Amor e Paixão.

foto by Cuze

O seu coração um dia sentiu a nortada salgada que sempre assola as terras do mar. Absorveu o mais nobre dos condimentos para nunca mais o largar, qual campo salgado onde não mais nada cresce. Mas neste caso, o exemplo é paradoxal... o sal no seu coração significou o nascimento, a génese... o começo de uma nova etapa numa curta vida. Uma porta para os horizontes azuis deste mundo. A caminhada em direcção ao pôr do sol, sob um manto azul e salgado chamado oceano.

Foi esse o dia em que o menino da terra se alimentou do mar, e do sal que nele inscreve a sua identidade sagrada. Foi nesse dia que o mar rompeu a terra e chegou aos confins da interioridade.

Mais tarde, o mar mostrou ao menino a sua mais bela expressão de vida - a onda! O sal em seu coração disse-lhe imediatamente que, como menino do mar, aquela onda pedia para ser possuida, domada... Para o menino, a terra sempre fora um corpo estranho, o mar pelo contrário sempre se apresentara como um ambiente mais familiar. E nesse dia o menino alimentou-se pela primeira vez das ondas... mas rapidamente percebeu que seria mais dificil do que parecia, afinal domar uma onda não era o mesmo que cavar a terra.
O menino ficara apaixonado... e nunca mais largaria esta nova forma de amar o mar.

foto by Cuze

Tempos mais tarde, o menino que sempre vivera nos confins da terra seca, nela plantou o seu coração salgado. O menino nunca pensou que ali, naquele sitio estéril o seu coração salgado pudesse de alguma forma enraizar. Mas o menino, cedo perceberia que a vida não tem caminhos certos e objectivos. A vida transforma cada passo de um ser, numa caminhada impregnada de experiências e sensações inigualáveis, os imponderáveis da vida, exprimem-se assim nessas experiências... os sentimentos, nascem e morrem, a cada trilho que se nos depara...

E o menino provou um novo sentimento... quando no seu coração salgado de paixão pelo mar, uma flor se enraiza prendendo parte dele para sempre à terra sem fim. O que inicialmente seria uma simples semente sem hipoteses num mundo salgado, vence as probabilidades e firma as suas raizes fortes no coração do menino. No seu peito, o menino viu nascer a mais bela flor que alguma vez vira. Bela, imponente, grandiosa. O seu perfume rivalizava com o aroma da maresia, a sua beleza com o azul do oceano... a volupia das suas formas, com as curvas perfeitas de uma onda. Aquela flôr passara a fazer parte de si. Nesse dia, o menino conheceu o Amor.

E assim o menino sorriu. De coração salgado, uma parte do mar em sua alma e as ondas em seus pés. A Paixão. Com uma bela flôr enraizada em seu coração, fruto das maravilhas de uma terra de sequeiro, a flôr que lhe roubou o coração para sempre e a quem ele sempre prestará uma sentida homenagem... o seu Amor!

quarta-feira, agosto 23, 2006

 

 

Soulfy - quem e porquê?


Pequeno trabalho sobre Max Cavalera, que encontrei na net...


Falar de Soulfly neste espaço, não é já uma novidade!
No entanto, se a memória não me atraiçoa, nunca expressei o quanto esta banda, e especialmente o seu vocalista, mentor e compositor Max Cavalera, me tem influenciado ao longo dos anos!
Passam dez anos desde que pela primeira vez escutei o ultimo album de Sepultura com o Max - Roots - e desde o primeiro momento, o exotismo, o poder e a mensagem que emanava da voz de Max e da música que a envolvia, me fascinou. Foi o album de Sepultura que juntou ao tradicional trash metal da banda brasileira, traços culturais brasileiros, nomeadamente os instrumentais indigenas.
Max saiu dos Sepultura quase de seguida e criou Soulfly! Desde então acompanhei a carreira de Max em Soulfly, e esta banda tornou-se a minha banda favorita desde o primeiro album. O experimentalismo que Max proporciona a cada uma das musicas que escreve e compõe é algo de notável numa banda de metal. Soulfly não se fica pelo metal ortodoxo. Não é uma banda amarrada a um estilo metaleiro puro e duro. É antes uma banda que adiciona a cada novo trabalho um sem número de recortes musicais que identificam culturas e países por todo o mundo... As sonoridades brasileiras estão sempre presentes - samba, bossa nova, musica tradicinal indigena, berimbau, etc - mas não se limita a isso! Sons da Sérvia, India, Jamaica, Magreb, etc são frequentemente audiveis em muitas músicas. Bem como outros tipos de música - reggae, hip hop, soul, flamenco, dub, etc - fazem também, e desde o inicio, parte integrante da indentidade musical desta banda!
É minha convicção, não só pelo que conheço desta banda e pelo que venho apreendendo ao longo dos anos, dos idealismos de Max Cavalera, que todas estas miscelandias que tornam Soulfly na primeira banda de world metal, advêm essencialmente do modo de estar na vida de Max. No pressuposto primeiro de passar uma mensagem, seja ela sob que forma for, em função de estados de espirito muito pessoais - seja sob poderosos e raivosos rifts de guitarra, seja sob limpidos e suaves flows de soul feminino - Max põe em cada música que fabrica, um sentimento genuino, uma razão poderosa que o leva a escrever aquilo, expressando o modo como assiste ao desenrolar da historia contemporânea deste nosso planeta em crise.
Soulfly é uma banda com algo a dizer. Sempre com alguma coisa para contar, com alguma mensagem para passar, focando sempre a sua atenção nos ideais ambientais, sociais e religiosos!
Quantas bandas de trash metal no mundo gritam bem alto "You can't kill faith/ You can't kill God."?

Em minha opinião, a música é exactamente isso: o veiculo ideal para passar ideias, mensagens e formas de pensar. Não vejo a música de outra forma, e para mim, música sem mensagem e sem conteudo é como uma máquina descartável: tem a sua piada até se esgotarem as fotografias... depois lixo!!
Tal como Max diz: "Music is a never ending process...". Porquê? Porque o mundo tá em constante mutação, e como tal, proporcionará sempre à musica, uma constante fonte de inspiração à criação artistica!
E Soulfly é sem dúvida uma das bandas que conheço, que melhor desempenha esse papel, pois é uma banda marcadamente filantrópica, à imagem do seu mentor. E isso inserido numa formula musical como o metal, é fantástico.


PS: o que isto tem a ver com o surf? Para a maioria pouco, mas para mim, Soulfly e Surf, são o complemento ideal, no desenrolar da minha constante atitude perante o mundo e o que me rodeia.

sábado, agosto 19, 2006

 

 

A onda da minha vida...


A tarde estava amena... essencialmente devido à nebolusidade existente no céu, e que poucas vezes deixava que os raios de sol de facto aquecessem em demasia o ambiente (ainda assim, tenho a pele do corpo prestes a saltar). O mar estava mexido, um meio metro partia bem junto à falésia que delimitava, a Sul a bela praia do Malhão. Em dias clássicos, ali partia uma esquerda magnifica e poderosa, sobre um fundo misto de areia e calhau. Mas hoje, não... hoje o meio metro era servido com vento (e ainda 1mm/h de chuva, segundo o Windguru, o que se confirmou) onshore, transformando um swell de meio metro numa manta de retalhos salgada e húmida. Por todo o litoral alentejano, as condições eram similares... nos Aivados é melhor nem falar disso!!! No Malhão Grande o swell parecia estar a entrar um pouco melhor, mas ao mesmo tempo o vento também fazia das suas. O vento on-shore (de Oeste) caprichoso teimava em pregar-nos partidas ao longo do dia... ora rodando e ficando de Sul, ora mantendo-se teimosamente de Oeste.

Àquela hora, o vento estava de Sul, e era precisamente ali, junto àquela Cabeça de Urso no cimo da falésia, que o mar estava mais satisfatório, resultado da barreira fisica que o próprio acidente geológico proporcionava, ao barrar o Vento sul. A esquerda que ali costuma partir, parecia estar uma amostra de si mesma, ainda assim, sob a égide do urso mantinha-se consistente por 2o a 25 metros de comprimento, sem se partir ou dissipar. Obrigado Urso!!!

Como era de esperar, pela temperatura do ar e pelo avançado da hora (17:30) entrei de fato. O Mav mantinha-se ainda sem entrar, esperando mais alguns minutos pelo término de uma digestão dificil de chouriça e cerveja. O meu primo ja andava la dentro tentando apanhar algumas no inside, e o Pedro ja calcorreava o outside procurando pelas maiores esquerdas, lá junto ao calhau!! Rapidamente e dolorosamente me dei conta que o fato de neoprene estava insuportavel - tinha o pescoço completamente assado - e era uma tortura autêntica andar dentro de água salgada com a pele quase em ferida. Seguindo o exemplo do Pedro, abri um pouco o zipper do fato para tentar aliviar a coisa... mas foi pior a emenda que o soneto. A água entrava aos litros para dentro do fato e rapidamente me tornei num balão de água. Saio e vou apenas de calções - mal sabia eu que seria desta forma que faria a melhor onda da minha vida (até agora!!!!!).

Ao regressar ao mar, apanho o Pedro a terminar uma onda. Resolve então dar-me umas dicas para tentar apanhar e levantar-me correctamente na onda. Trocamos umas frases e somos interrompidos pelo set... uma onda se perfila no horizonte e eu, rapidamente me posiciono para a apanhar. Ainda embuido no espirito técnico das explicações de Pedro, começo a remar... Pedro incentiva-me "Vai, vai, vai...". A calma e a concentração apoderam-se de mim... remo com vontade e vigor e é com facilidade que entro na onda. No seguimento e como se de câmara lenta se tratasse, coloco as mãos na prancha, estico o pé de trás e levanto a perna da frente. Uns milésimos de segundo para colocar o pé da frente e o pé de trás numa posição mais equilibrada... et voilá... sinto-me em cima da prancha, sinto a velocidade da onda que impulsiona a prancha para a frente. Tento cortar para o lado... mas a minha posição pouco flexivel em cima da prancha e a perda de força da onda, fazem-me afundar no mar. Nunca antes me afundei com tanto prazer no mar, como dessa vez. Um sorriso aberto tomou conta do meu rosto. Senti-me excepcionalmente bem... feliz, alegre... Para alguém a quem o surf não guarde segredos, estas palavras terão pouco significado por si só... mas certamente que a todos esses, quando recordarem a primeira onda a sério que conseguiram sentir debaixo dos pés, estas palavras soarão familiares.

Foi a primeira onda dessa sessão que durou pouco tempo. Essa onda deu-me energias e motivação para o restante do tempo que estive no mar. Também pela primeira vez, senti-me confiante e com uma pica enorme em remar para o outside e apanhar as maiores (ainda que as maiores fossem pouco mais que 0,5m). Ainda tentei apanhar mais algumas... mas o mais perto que tive disso, foi quando eu e o Mav apanhámos a mesma onda e numa fracção de segundo que gastei a olhar para ele, foi o suficiente para me desconcentrar e para já não conseguir colocar-me em pé nas condições ideais!!

Foi, para mim, o ponto alto da minha primeira surf-trip, já bem no fim do ultimo de dois dias pela Costa Alentejana com mais três parceiros 5 estrelas: o Pedro, o master do grupo com mais surf que qualquer um de nós; o Mav, um ribatejano que ama a Foz do Arelho e o meu primo Bruno, um puto de 16 anos que experimentou pela primeira vez o surf e a experiencia única da companhia de 3 surfistas de alma e coração!!!

Para breve fica, a crónica inteira desta viagem magnifica! Também para mim a primeira surf-trip...

Um grande abraço a todos!!

quarta-feira, agosto 02, 2006

 

 


Praticamente 5 meses sem escrever neste espaço!!
Fruto de um semestre académico infernal, onde o pouco tempo livre, foi canalizado para as coisas reais, do mundo real! O blog, os foruns... o espaço virtual ficou para segundo plano! É complicado ter sequer uma réstia de inspiração, quando se está sob pressão. Aliás, nesses momentos haverá algo melhor do que o ombro amigo daquela que nos ama?

No que diz respeito ao que poderia expor neste espaço, nestes cinco meses pouca coisa mudou! E hoje que volto de novo a escrever, ao fim de tão longo periodo de ausência, o momento é de descompressão.
Descompressão de um semestre sobrecarregado de trabalho. Descompressão da vida boémia que caracteriza a vivência universitária em Évora... Em suma, descompressão de 9 meses carregados de stress. Do stress próprio de quem carrega nas costas a responsabilidade e o dever subjacente ao término muito próximo do seu curso...

Mas entretanto e enquanto descomprimo, vou sonhando com a próxima surfada, talvez já no próximo fim de semana, depois de no anterior ter levado uma valente carga de porrada no Barbas (Caparica).

Sonho, em finalmente visitar o meu reduto mágico! O litoral sudoeste... onde surfei pela primeira vez. Onde me sinto em casa, fora de casa! Onde cada pôr do sol tem aquela magia única... onde vivi alguns dos mais intensos momentos da minha existência. Onde não ponho os pés há mais de um ano... onde não surfo há pelo menos o dobro... onde nunca tive a oportunidade de privar com a minha "soulmate"...

E espero... espero por Setembro... espero pelos dias que me levarão finalmente, de volta aos locais mágicos naquele pedaço de costa maravilhoso. Mas desta vez acompanhado por uma parte importante de mim: ela, a mulher que me faz feliz!!

Será tão dificil de imaginar o brilho dos meus olhos, momentos depois da surfada, ao observar o belo por do sol, com ela nos meus braços, no pequeno mas mágico areal da Arrifana?!

Não será isto, a imagem nitida de um momento feliz? Ora para mim é...

Pura vida!!
PAZ (STOP BOMBING LIBANO!!!!)

sexta-feira, março 03, 2006

 

 

A jornada...


- Ok, 7 da matina... encontramo-nos no parque do Intermarché!! Fica bem!
Desliga-se o telefone. Um friozinho sobe-me pelo corpo acima até me levantar os cabelos. Sete da manhã? Évora...Costa da Caparica? Os ultimos dias têm sido frios e carregados de sedentarismo extremo, os neurónios dentro da minha caixa craniana andam mais letargicos que nunca! Sete da manhã não seria um bom começo...

Dia seguinte... Évora, 7 da manhã. As luzes dos candeeiros que alumiavam aquele parque deserto ainda se sentiam acesas, lembrando noites passadas há alguns anos atrás, a andar de skate naquele mesmo local, quando aquilo ainda era um hipermercado a sério... Bom, agora era apenas eu e o meu chaço, quando o dia ainda se chamava alvorada.
O vento soprava, tirano e ameaçador!!
- Com este vento, não sei se vamos ter ondas, pa! - dizia-me o Puto P.
Apesar de naturalmente optimista, concordara mais por letargia que por qualquer outra coisa.

O dia nasceu na estrada, o trânsito infernal de Lisboa espevitou-nos a alma, e aqueles banquinhos aquecidos eram bestiais, o Puto P havia feito uma boa compra!! Deveras... Évora-Lisboa por autoestrada, a diesel e em grande estilo!! Era tempo de atravessar a a ponte de aço vermelho e seguir até à Damaia... é que nem todos vêm armados de casa e ele havia deixado a sua "arma" na casa dos tempos da faculdade. Devidamente equipados e preparados para o mar, saímos daquele promontório rodeado de prédios altos e todos iguais, tentámos ainda perceber a direcção do vento, mas quem é que consegue fazer isto no meio de tanto prédio e sem sol à vista?

10 da manhã!! Costa da Caparica, primeira paragem - Praia do Barbas. Rapidamente nos apercebemos que o vento estava contra as ondas, offshore forte. As pareces tinham metro e meio bem medido, perfeitinhas e a alisadas pelo forte vento vindo de leste. Ninguém na água, máquinas a enfiarem calhaus nos pontões... as praias tão quase sem areia - as asneiradas do passado pagam-se caras!!!
Estava tudo perfeito... para o Puto P, mas então e eu? O maçarro de serviço era eu e aquilo era muita fruta para a minha fruteira.
- Ok, puto. Fonte da Telha está mais pequeno, vamos ver a coisa! - dizia-me o Puto P.
O puto na verdade era eu... diga-se!!

No caminho para a Fonte da Telha qual explorador deslumbrado, descubro as maravilhas naturais da Costa da Caparica no seu estado virgem. Descemos aquelas arribas areniticas da Fonte da Telha, e finalmente checamos o mar. Por esta altura eu mais parecia um cubo de gelo. Efectivamente o conhecedor experiente daquelas bandas era ele e realmente estava um mar mais pequeno, mas consistente e perfeitinho. Era manifestamente um dia daqueles em que o mar, por todo o lado se alimentava do off-shore constante, ainda que um pouco forte de mais.

Parámos para comer qualquer coisa num café pitoresco junto ao mar, e avançámos até um local por entre as dunas, determinados em entrar na água... mas o frio era constante!! Alguém adivinha o porquê de não estar ninguém na água aquelas horas... e durante todo o dia???!!! E alguém adivinha onda andavam os maluquinhos?!

Fato... wax... prancha debaixo do braço... e ala que se faz tarde, areia geladinha que até doía, corridinha para espantar um bando de gaivotas em terra, aquecimento e água!!!! O surf não era uma realidade para mim há já alguns meses, a prancha continua a revelar-se inadequada para um maçarico e o jeitinho também é pouco... mas eu esforço-me!!
A primeira remada para o outside até que se fez bem, acompanhei o meu amigo mais experiente nestas andanças... mas depois da primeira onda, não houve mais fôlego. A barriguinha tem crescido exponencialmente em terras de sequeiro, a falta de exercicio é uma realidade quotidiana e o surf é lá de tempos a tempos... não seriam de esperar grandes coisas! Ainda apanhei umas onditas, enquanto o Puto P lhe dava e se ia divertindo. O tipo puxava por mim, mas os meus braços estavam estoirados. Mantive-me no inside tentando apanhar uma pequenitas, mas obviamente as desvantagens de estar no lugar do morto são sempre grandes... leva-se com os espumaços todos do set na marmita e o cansaço intensifica-se... epá puto, tinhas razão!! Eheheheh.

Enfim, ainda deu para apanhar umas quantas, e tentar o impossivel. Ainda deu para sentir aquela sensação única da máquina de lavar numa ondita onde o take-off se revelou suicida... e pronto... talvez hora/hora e meia depois saio geladinho. O Puto P ainda lá ficou a curtir mais umas quantas, na companhia de mais dois amigos que entretanto se haviam juntado a nós.
Voltei a vestir-me, não senti os dedos dos pés e das mãos durante alguns minutos, mas fui ainda sacar umas fotos. Pouco tempo depois sai ele. A hora era de almoço!!

A sensação de voltar ao mar e levar nos cornos outra vez foi como sempre, revitalizante, ainda que pareça paradoxal. A sensação de voltar a sentir aquelas cabeleiras de água suspensa na cara era foi sublime, gostei de voltar a sentir aquele feeling de andar com a prancha às costas à procura de mar bom com toda a imprevisibilidade que tudo isso acarreta... gostei de voltar a ver o mar, a senti-lo, a saboreá-lo e a respeitá-lo. Pena foi mesmo o frio que se fez sentir com aquele off-shore demasiado forte, pena é que isto aconteça uma vez por festa... pena é que o mar não esteja aqui à mão de semear!

Bom, as horas eram de almoço e nós fomos saborear umas belas "francesinhas" ao Fórum Almada. Seguimos então para a Cova do Vapor, a famosa onda na foz do rio Tejo e passámos a tarde a tirar umas fotos bem porreiras, além de uma visita ao bar da praia e uma pequena conversa com o tipo que lá trabalhava e se mostrou muito "à maneira".

Bom, ao fim da tarde voltámos a Évora e chegámos como haviamos partido - de noite!
Quando me deitei, senti-me a flutuar... no dia seguinte quando me levantei doia-me tudo... no domingo seguinte nevou em Évora:)

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

 

 

Apanhado na corrente!!

As correntes são algo que me atrofia a marmita de uma forma impressionante. Não gosto delas no mar, quando um gajo tenta desenvencilhar-se delas, não gosto delas especialmente quando são de e-mails, e não gosto delas porque significam no seu sentido mais literal que estamos agarrados a algo do qual não nos podemos libertar... mas também as há que têm a sua piada.

E assim, lá fui eu apanhado por uma corrente pelo Jakuti do blog Longboard.
Assim, e pelo que eu percebi cá vai...

5 traços de personalidade:

- Sincero;
- Preguiçoso (escandalosamente preguiçoso, aliás);
- Sonhador (e muito);
- Altruista (estupidamente altruista, na maioria das vezes até demais).
- Reservado (naquela linha do low profile, não gosto de grandes atenções).


5 hábitos estranhos

- falar sozinho (LOLOLOLOLOL, aposto que mt gente o faz);
- deixar-me dormir sempre com música, inclusivamente da mais pesada;
- folhear revistas e jornais de trás para a frente;
- cheirar alguns objectos (essencialmente comida, livros, e mais algumas coisas);
- nunca usar os oculos de sol na cabeça (odeio).


Parece que tenho de levar mais alguns na corrente...
Então cá vai:
A pequena Caixa, Beja, Biologia da UÉ, Formiguinha Atómica e Menderes.




segunda-feira, janeiro 30, 2006

 

 

Será que...

É verdade que o mar nos enche a alma com a mais pura beleza e simplicidade das coisas caóticas?
Parece que sim!!

Será que a fusão do mar com a terra pode ser harmoniosa, eternamente bonita e capaz de arrancar sorrisos às coisas vivas?
Parece que sim!!

Será que as coisas vivas podem interagir com o mundo liquido e salgado do mar, tomando a própria vida um novo significado?
Parece que sim!!

Será uma foto, capaz de responder a cada uma destas perguntas?
Penso que não!!

É hora de pegar na prancha e saber!!

quinta-feira, dezembro 29, 2005

 

 

Capitulo 2º

O capitulo 2º pode ser encontrado aqui:

http://ondaperdida.blogspot.com

sábado, dezembro 24, 2005

 

 

Capitulo 1º

Cá vai a minha prendinha!!


Estava só junto às ondas, numa noite de estrelas.
Nem uma nuvem no céu, nem no mar velas.
Meus olhos viam para além de realidade.
E os bosques, os montes, e toda a natureza,
Pareciam falar num murmúrio de incerteza
Ás ondas, à claridade.

ÊSTASE – Victor Hugo



Sorvia o chá quente enrolando as mãos frias em volta do copo colorido de onde se escapava um vapor aromatizado a ervas, relaxante, que confortava e refrescava a alma e aquecia o corpo frio, fustigado incessantemente pela maresia húmida que provinha do mar. Era noite escura, breu cerrado... a lua essa estava em crescente, tímida e pouco luminosa. O som da dinâmica oceânica ouvia-se como o bater de um relógio de pêndulo. Eram as ondas que partiam lá fora, regulares, sincronizadas e certinhas qual relógio suíço. O som que vinha do mar era-me familiar, era-o para qualquer ser como eu. A força poderosa que estava por detrás daquele som significava para mim a mais bela manifestação da natureza e proporcionava-me as mais sublimes sensações alguma vez vividas.
Nesta noite sentia-me bem, o frio diluía-se na aura de calor emanada pela fogueira, o fluido quente e saboroso que corria na minha garganta tonificava-me o corpo, mantendo-me quente e confortável. “Trouxe-o de Marrocos, aquando da minha estadia em Ancre Point!”, murmura-me Cássio enquanto enchia o segundo copo de chá. “Parece que não trouxeste só o chá”, respondo-lhe apontando para os copos, tipicamente marroquinos, de vidro colorido. Verde, azul ou vermelho todos decorados com padrões magrebinos. Ele olha-me por cima dos óculos e a sua expressão era de concordância, mantendo-se concentrado em adoçar o chá com um pacote de açúcar que havia surripiado de um pequeno café onde havíamos parado para comer qualquer coisa, em Porto Covo.

George Steiner dissera um dia que a Europa era feita de cafetarias e pequenos cafés. Que a sua cultura, costumes e vivências tinham como denominador comum esses mesmos cafés. Fernando Pessoa frequentara os cafés de Lisboa, Kierkegard passara por alguns enquanto caminhava nas ruas de Copenhaga. As mais brilhantes mentes europeias, artistas conhecidos ou pensadores indigentes, todos tinham os seus cafés, balcões ou simples tascos, onde fluía o pensamento e criações que moldaram a Europa, ao longo dos tempos. Este era um facto que tentara explicar ao meu novo amigo luso-australiano, quando este me indagara acerca das razões para uma tal proliferação de cafés, pequenas cafetarias e enormes esplanadas por todo o território luso. “Em qualquer grande metrópole, cidade ou vila... lá está mais um café, uma esplanada, por onde quer que passe. As pessoas aqui parecem não conseguir passar sem estes locais”, dissera-me ele tentando fundamentar a sua questão.

Cássio preferia o chá! Continuava calado sorvendo o seu chá quente, enquanto eu absorvia a maresia, deixando as palmas das mãos coladas ao vidro verde do meu copo marroquino.
Cássio não era de grandes conversas. Era notório que se preocupava mais em recolher informação de tudo o que em seu redor se passava. No mar, essa faceta era claramente uma qualidade – nunca vira alguém apanhar ondas como aquele tipo. Em que condições fossem, a sua visão e leitura do mar permitiam-lhe apanhar sempre as melhores. “Poupo energia observando o mar com atenção”, dizia. De facto, eram raras as vezes que uma onda lhe roubava a energia do seu corpo não compensando o seu espírito de igual forma. Não era um tipo sisudo nem demasiado severo, era no entanto um simples indivíduo pouco dado à tagarelice. Australiano de nascimento - o surf corria-lhe nas veias - e português de descendência – o sal era condimento do seu sangue – estava há duas semanas de visita a Portugal, pela primeira vez. Órfão aos 6 anos, nunca tinha tido a oportunidade de conhecer o país da sua mãe, conservando no entanto a língua entretanto esquecida e recentemente reaprendida, depois de alguns meses no Brasil. Viajava há já oito meses de prancha às costas. Era a perfeita imagem do estereótipo do surfista em busca da onda perfeita. “Soul Surfer!!! (risos) Há cada vez mais tipos como tu e eu... que por qualquer vicissitude da vida, resolvem enfiar-se numa jornada de introspecção, escapando a um mundo que de outra forma acabaria com a nossa vida. Lentamente, muito lentamente...”, dizia ele na primeira conversa que tivéramos, quando eu lhe contara a história da minha vida. Eu assentira calado.
Havia pouco mais a dizer deste quarentão, que viajava num forgão VW Transporter de 73 e na companhia de Jacob, o seu velho papagaio.
Continuávamos sentados nas dunas em volta da fogueira, degustando o chá que Cássio havia trazido do Magreb.
“O chá tem a mais elevada qualidade que consigo entender em algo que se beba...”, dizia ele olhando o mar escuro. “Aquece-me a alma e o corpo no Inverno. Refresca-me no Verão. Ainda assim, continua a ser apenas água com o vício do sabor”.
Eu sorri. “Interessante. Nunca tinha pensado nisso...” assenti.
“Sabes o que mais me entristece na história da tua vida?”, pergunta-me ele repentinamente. “É teres apenas 30 anos!!”
Eu entendi o sentido daquelas palavras e continuei a olhar o infinito. “A tragédia não escolhe datas... simplesmente acontece, e quando nos damos conta, a morte afigura-se-nos mais simpática.”, respondi. “A minha aconteceu quando eu tinha 24... a tua quando mal sabias o que era o significado de vida ou de morte.”
“Correcto, mas a tragédia diluiu-se na minha vida como dificilmente a tua se diluirá. Aprendi a viver com isso, aliás... dir-te-ei que moldou aquilo que sou hoje, da forma mais positiva que possas imaginar. Fez-me chegar ao surf! Fez-me crescer mais depressa, ainda que isso não seja totalmente positivo. Eu hoje, apesar de tudo sou feliz. Perdi os meus pais quando era novo, é um facto... mas também é um facto que a minha capacidade para amar era mais limitada. Que a minha noção de vida e de morte não era tão absoluta e dramática como o é hoje para a maioria das pessoas. Senti a morte dos meus pais na saudade, na sua ausência, na falta de carinho e afecto que só eles me poderiam dar. Mas passaram 34 anos, aprendi desde cedo a viver com isso, tornou-se no facto incontornável da minha vida. Uma cena do filme da minha existência. Hoje sou feliz, não só pelas ondas que apanho, pelos países que atravesso, ou pelas mulheres que já tive... mas essencialmente pela vida que levo. Aqui como na Austrália. Esta viagem não é um escape a esse acontecimento, é um escape à monotonia que também pode destruir-nos lentamente. A minha vida, essa sim tornou-se num escape à minha tragédia pessoal. Não acredito que seja agradável perder-se quase tudo em alguns segundos, aos 24 anos, com projectos e sonhos por realizar... a dois”
Concordo acenando de olhos fixos na fogueira.
“Tu queres apenas fugir à mágoa e à solidão”, conclui.
“Solidão... essa compensa-se com as ondas. A mágoa dilui-se no mar, de cada vez que ele me recebe. Quando não tenho ondas, definho... a solidão e a mágoa tomam conta de mim, por isso tenho de viajar, para poder ter sempre um motivo para entrar no mar: as ondas.”
“É a isso que eu me refiro. É precisamente aí que a tua história se diferencia da minha”, diz ele olhando-me complacentemente.
O silêncio voltou a envolver a noite, cortado apenas pelo estalido da madeira a arder e pelo som das ondas que quebravam lá fora...







terça-feira, dezembro 20, 2005

 

 

Capitulo 0...


Haviam passados alguns anos desde que aquela face me tinha fermentado o sopro lento do coração, uma última vez. A simplicidade daquele sorriso, o suave deambular das suas carnes, o leve cintilar dos seus olhos e aquele dissuasivo doce impregnado nas suas palavras. Anos! Anos passaram desde aquele ultimo suspiro... breve, ébrio – definitivo.

Passaram-se anos, os mesmos que me acompanharam pelos caminhos percorridos desde esse dia. Perante o passado, havia eliminado o meu sedentarismo e motivara uma nova jornada, queria esquecer o injusto destino desenhado no meu karma, redefinir o meu silêncio perante a vida, e alimentar um sonho disfarçado de quimera – tudo depois do acordar violento dum sonho tornado pesadelo.

A minha vida, tornara-se desde a sua morte, num encarrilar constante de perspectivas inacabadas. Fugia do mundo terreno refugiando-me no etéreo mundo do espirito, só, despojado da pátria, acolhido num mundo de introspecção. Tornara-me um eremita nómada – um involuntário eufemismo moderno.

... sim, desde a sua morte, a morte daquela que amara em tempos, a morte de quem matara – naquele dia quem conduzia aquele carro era eu! Um estridente derrapar...

um flash angustiante...

...e o impacto frio e seco, inundado daquele indiscritível som laminar de chapa contorcida... olhei para o lado, um olhar distante jazia diante do meu, a vida esfumara-se daquele corpo prostrado ao meu lado, o seu coração quente do meu amor, tornara-se gelo, inerte e parado, desejei naquele momento que ao invés do dela, o meu tivesse tido tal sorte. Desde esse dia que o desejo, tivesse eu tal poder para voltar atrás no tempo...

segunda-feira, dezembro 19, 2005

 

 

um novo projecto!

Como poderão ter reparado (ou não)... o nome com que assino neste blog mudou! Não há grandes razões para que isto tenha acontecido, apenas me apeteceu!! Não mais me identifico com o pseudónimo muito próximo do nome verdadeiro e por isso modifiquei a minha assinatura para uma palavra bem mais familiar.

Mudando radicalmente de assunto, numa visita recente ao blog do meu amigo Nis_Latromi "A Pequena Caixa" aproveitei para pegar numa ideia! Contar uma história em pedaços, integrada no tempo... uma coisa que há muito queria fazer de forma intensa mas que nunca consegui, tendo-me resumido a pequenos contos que alguns (os mais antigos leitores) se lembrarão, certamente!

Aliás, irei postar já de seguida um pedaço de texto escrito há já algum tempo, um pedaço de texto que era para ser o inicio de um livro... mas que até hoje tem estado esquecido bem la no fundo deste hard-disk!!!

Espero conseguir assim levar este "projecto" a bom porto!! Começarei aqui no SSD mas provavelmente criarei um blog unica e exclusivamente para condensar todos os capitulos desta história!!! E já agora, acompanhem também o épico da Pequena Caixa!

um bem haja!!! Cuze!!

terça-feira, dezembro 06, 2005

 

 

Malik Joyeaux R.I.P.

Malik Joyeaux, um dos mais respeitados e reconhecidos surfistas tahitianos faleceu este sábado, dia 2 de Dezembro quando surfava Banzai Pipeline, em resultado de um wipe-out no famoso reef-break hawaiano, vítima de afogamento.

Não há muito a dizer, apenas que apesar da dor e tristesa que um acontecimento destes sempre desperta, há que realçar a coragem dum surfista que se fazia a monstros como estes, e que morreu a fazer aquilo que seguramente amava.

Ficam as palvras do seu amigo Greg Long: "All you had to do was meet him once and you knew he was your friend anywhere in the world."

Descansa em PAZ. Até sempre, Malik.


sábado, novembro 26, 2005

 

 

O tudo ou nada... na terra dos Sonhos




















Como o passado já lá vai, e como mais uma etapa começou, nem me vou alongar sobre o porquê do Saca ter tão prematuramente ter ficado pelo caminho em Haleiwa. O importante a reter, é que nada está perdido e que o WQS 6* de Sunset já começou e Saca tá em prova.

Assim, o O'Neill World Cup of Surfing tá ai a bombar, tendo no primeiro dia presenteado todos com umas de 6 a 8 pés, um pouco partido mas suficiente para uns tubázios ao bom estilo hawaiano.

Esta é a derradeira prova para o Saca. Como bons portugueses lá andamos de calculadora na mão a fazer contas, mas parece-me a mim que (também como bom português) o Saca vai deixar tudo para o fim, acabando mesmo por entrar no tão almejado circuito WCT. Saca tem todas as condições para fazer uma boa prova, ainda para mais num local onde se sente em casa, sendo Sunset quase que um talismã para ele - em 2000 ficou em 2º lugar nesta prova sendo superado na final pelo hawaiano de mau feitio Sunny Garcia.

Saca entrará no round 96 e terá como adversários, o brasileiro Pablo Paulino e os australianos Drew Courtney e Beau Mitchell bem como Justin Mujica que terá pela frente o brazuca Guilherme Herdy, o inglês Russel Winter e o australiano Ryan Campbell. Também Marlon Lipke entrou nesta prova tendo caído no heat 6 do round 132, em sexto lugar.

Enfim, boa sorte para os nossos dois tugas. Força Saca e força Justin!!!

terça-feira, novembro 15, 2005

 

 

OP Pro Hawaii Haleiwa em espera...



O WQS de 6 estrelas OP Pro Hawaii, em Haleiwa, onde participa o "nosso" Tiago "Saca" Pires e que pode ser decisivo para a sua entrada este ano no WCT, tem estado suspenso. Este que é um evento integrado na famosa Vans Triple Crown Hawaiana, devia ter tido inicio no passado sábado, dia 12 de Novembro, mas que por falta de condições do mar se tem mantido em suspenso até que chegue o swell digno de uma prova deste calibre.

Por enquanto, resta esperar por ondas e não desesperar. Haverá noticias brevemente!!!


domingo, outubro 30, 2005

 

 

Portugal Campeão da Europa!!


Portugal sagrou-se, este domingo, Campeão Europeu de Surf por equipas e arrebatou mais três títulos individuais. Naquela que é a mais importante competição europeia de surf (por equipas) Portugal volta a sagrar-se campeão europeu, confirmando todo o seu favoritismo, não só por jogar em casa, como por todo o seu historial enquanto potência inquestionável do surf europeu.

Este Eurosurf 2005 decorreu na Praia Nova - Costa da Caparica, entre os dias 22 e 30 de Outubro.

Fica aqui a crónica final do Beachcam Laboratório:

O último dia de campeonato antevia-se bastante competitivo devido a diferença mínima que existia entre Portugal e França. Com umas condições do mar bastante difíceis devido a ressaca da tempestade e o tempo encoberto deu-se início às grandes finais.

Na primeira final do dia de Longboard e num heat bastante disputado Eliot Dudley (Wal) levou a melhor e sagrou-se campeã europeia deixando em segundo lugar o atleta Jonathan Larcher (Fra), em terceiro lugar ficou o atleta Sam Bleakley (Fra) e em quarto lugar o nosso atleta Bruno Grandela.

De seguida começou a final de Surf Master onde o nosso Pedro Araújo não deu hipóteses à concorrência deixando em 2º lugar Jamie Owen (Eng) em 3º Chris Griffiths (Wal) e em 4º lugar Stefano Giulinani (Ita).

Na divisão de Surf Sénior Daniel Garcia (Esp) ganhou o título. O português Paulo Rodrigues ficou na 2ª posição e Didier Piter (Fra) na 3ª posição e Clayton Lidster (CHI) na 4ª posição.

Por volta das 13 horas começou a final de Bodyboard Feminino. Numa final empolgante Rita Pires sagrou-se campeã europeia e remetendo a Eunate Aguirre (Esp) para a 2ª posição e Eloise Bourroux (Fra) para a 3ª e Claire McGowan (Eng) para a 4ª Posição.

De seguida começou a única final com dois portugueses Bodyboard Open. Numa bateria discutida até a ultima onda, o francês Cedric Dufaurre conseguiu sagra-se campeão Europeu. Os portugueses e Silvano Lourenço e Hugo Pinheiro ficaram respectivamente em 2º e 3º lugar deixando Álvaro Ortiz (Esp) na ultima posição.

Por volta das 15 horas iniciou-se a penúltima final deste campeonato – Surf Feminino. Numa final bastante difícil devido as condições do mar, Patrícia Lopes e Marie M. Abral (Fra) controlaram o heat desde o início disputando entre si o primeiro lugar, disputa essa que viria ser ganha pela francesa que assim se sagrou campeã Europeia Surf Feminino e Patrícia Lopes ficaria em 2º lugar com uma grande margem sobre o 3ª, Estivaliz Estremo (Esp) e a 4ª Adelina Taylor (Esp).

O Surf Open foi a final do nosso contentamento e era decisiva para as aspirações ao titulo da equipa portuguesa. Assim numa final bastante emotiva a mais jovem promessa da nossa equipa Miguel Ximenez dominou por completo esta final fazendo a melhor onda da bateria. Assegurando assim o primeiro lugar e sagrando-se campeão Europeu contra adversários de peso. Na 2ª e 3ª posições ficaram respectivamente Simon Marchnd e Joan Duru de França. Em 4º lugar ficou Adi Gloska (Isr)

Assim no final da competição Portugal sagrou-se campeão Europeu de Surf deixando a França a nossa grande rival na segunda posição e a espanha, actual detentora do titulo na terceira posição

Seguiu-se a entrega de prémios deste EuroSurf 2005 com muito publico e todas as equipas desta competição presentes o que deu um colorido diferente a cerimonia.

A cerimónia começou com uma demonstração de Yoga Avançado Individual pelo Grupo TÁNDAVA da Associação Lusa de Yoga, executadas por surfistas praticantes de Yoga, demonstrando os espectaculares benefícios desta prática à qual se seguiu a entrega de prémios. Durante cerimónia, John Huw da European Surfing Federation, resumiu bastante bem o objectivo deste evento, ao afirmar que esta competição pretende incentivar o surf e bodyboard europeu. John Huw deu ainda os parabens a organização portuguesa pelo evento.

O CAMPEONATO DA EUROPA DE SURF- EUROSURF 2005, foi uma organização do Centro Internacional de Surf e da Natural Factor com a colaboração do Centro de Yoga da Costa de Caparica – especializado em Yoga para Surfistas.

Esta prova realiza-se de 2 em 2 anos sobre a égide da ESF - European Surfing Federation e da Federação Portuguesa de Surf e atribui títulos individuais e por selecções.

Competem neste Eurosurf cerca de 13 Selecções, compostas por 21 elementos cada, entre elas: Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Irlanda, Gales, Alemanha, Itália, Holanda, Suiça, Suécia, Israel e Channel Islands.

Está assim de parabéns o surf português, não só pelo resultado alcançado nesta competição, mas também pelo 9º lugar de ontem de Tiago "Saca" Pires no WQS 6* de Florianopolis, que o coloca muito próximo do circuito WCT, o Grand Slam do surf mundial.

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